A Química tem a fama de ter criado um grande número de novos
produtos químicos que, na sua maioria, são prejudiciais à saúde do homem ou do
planeta. No entanto a variedade de produtos químicos presentes na natureza é
espantosa na diversidade e no número. Uns são “benéficos” para o homem e outros
”prejudiciais”.
A penicilina foi descoberta em 1928 por Alexander Fleming
quando se esqueceu de algumas placas com culturas de microrganismos no seu
laboratório no Hospital St. Mary em Londres. Quando reparou, uma das suas
culturas de Staphylococcus (uma bactéria) tinha sido contaminada por um bolor,
e em volta das colónias do bolor não havia bactérias. Fleming identificou o
bolor como um fungo do género Penicillium, e demonstrou que o fungo produzia
uma substância responsável pelo efeito bactericida: a penicilina.
Este produto químico foi obtido puro por Howard Florey e
Ernst Chain da Universidade de Oxford, muitos anos depois, em 1940. As suas
qualidades antibióticas foram testadas em ratos infectados, assim como a sua
não-toxicidade. Em 1941, os seus efeitos foram demonstrados em humanos. O
primeiro homem a ser tratado com penicilina foi um agente da polícia que sofria
de septicémia com abcessos disseminados, uma condição que na época era
geralmente fatal. Ele melhorou bastante após a administração do fármaco, mas
veio a falecer quando as reservas iniciais de penicilina se esgotaram. A
penicilina salvou milhares de vidas de soldados dos aliados na Segunda Guerra
Mundial.
Apesar de os enormes esforços desenvolvidos durante a
Segunda Guerra Mundial para a produção em larga escala deste medicamento, a sua
estrutura só foi completamente elucidada em 1956 e os produtos usados até aí
resultavam do isolamento do antibiótico a partir de culturas do fungo sem que o
arranjo espacial dos átomos presentes fosse completamente conhecido.
Na realidade não existe uma penicilina mas uma família de
compostos como o mesmo núcleo central e uma cadeia lateral variável.
A descoberta desse arranjo espacial contribuiu para um novo
salto na utilização dos antibióticos pelo homem. Durante muito tempo, o
capítulo que a penicilina abriu na história da Medicina parecia prometer o fim
das doenças infecciosas de origem bacteriana como causa de mortalidade humana o
que se veio a verificar não ser possível.
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